O
sucesso de um discurso depende de três fatores para Aristóteles: ethos, logos e patos. No texto Amor de
Morte de Enrico Ferri, uma passagem que representa o fator ethos é “... que foi
reunir-se ao outro cumprimento ao outro cumprimento, que aqui me dirigiu o
representante da parte acusadora, dizendo que quando o doente recorre a um
médico de fama, é porque sente a saúde muito abalada,...”. Uma passagem que
representa o fator logos “E não posso
admitir que os jurados – na soberania intangível das suas consciências – possam
proferir um veredicto contrário a Lei porque isso seria a subversão de todos os
princípios da vida social. Os jurados – como os Magistrados técnicos – só podem
proferir o seu veredicto de acordo com aquelas normas de justiça humana, fixadas
na sua consciência honesta pela experiência de vida, como pais de família, como
pessoas que, com o seu trabalho cotidiano, contribuem para a vida dessa imensa
e infatigável colmeia humana, que é a sociedade dos homens”. E uma passagem que
representa o fator patos “Vejam, senhores jurados, como a
personalidade de Cienfuegos se vai delineando e precisando no vosso espírito. É
um bom rapaz que teve a infelicidade de cair no abismo do amor por uma mulher
de costumes tão desregrados. Ele foi enlouquecido, é um desventurado, mais não
é um criminoso. Não é um assassino que amanhã repita o mesmo ato. É um homem
que como um náufrago caído a beira do oceano que estava para engoli-lo, ao
voltar outra vez à vida, recordará, como uma lição salutar, essa ilíada de desastres,
de tormentos de ansiedades e pedirá ao trabalho a sua redenção social.” Dentre
as diversas passagens do texto de Ferri temos esta para se referir à emoção “porque o amor e a honra são paixões nobres,
humanas, generosas, e só por aberração momentânea geram o crime ou o suicídio,
ou uma e outra coisa. Até o amor de mãe, que é aquilo que de mais sublime o
coração de uma criatura pode dar, na nossa existência de esperança e de dor,
até o amor maternal pode conduzir ao crime! Mas a mãe é absolvida porque o amor
materno é a mais nobre, a mais moral, a mais admirável das paixões humanas, e
se, na sua aberração, leva a matar o concorrente do filho, a roubar ou a
incendiar, para salvar o filho de um pretenso perigo, a mãe é absolvida, e não
conheço juízes populares ou togados que, em tal caso, condenem”. Por outro
lado, temos esta para representar a razão “estou
certo de que esta segunda forma do sentimento humano está no espírito de todos,
porque aquele rapaz é bem mais desventurado do que criminoso. E é por isso, se
é esse o estado do vosso espírito, nesta altura do julgamento, a minha função
só pode ser uma, bem modesta por sinal: determinar, à face do processo, as
razões pelas quais, com a tranquilidade de consciência das pessoas honestas,
poderá proferir um veredicto de absolvição. É esta a tarefa que me impõe os
fatos e que sempre me impõe a minha consciência: porque eu julgo que, tanto na
vida social quanto na vida judiciária, dizer a verdade, talvez seja um luxo
dispendioso, mas é também o melhor caminho, não só para poupar tempo a quem tem
muitas outras coisas a fazer, e que terá, assim, de recordar-se de todas as
mentiras que teria de aquietar, como também porque em substância, quando o
palpitar das coisas é como o deste caso, expor por inteiro, clara e
limpidamente, a verdade, ainda é a forma mais persuasiva da eloquência”. Verifica-se
que diversas falácias podem ser encontradas ao longo do texto como apelo à
piedade (“O Ministério Público deveria,
realmente, recear, não a sugestão da minha palavra, mas a sugestão dos fatos, a
sugestão dos sentimentos, a sugestão da vida anterior do réu, a sugestão de
toda a personalidade desse pobre farrapo humano, que está na vossa presença com
as mãos e o peito ensanguentados”), generalização apressada (“Mas a mãe é absolvida porque o amor materno
é a mais nobre, a mais moral, a mais admirável das paixões humanas, e se, na
sua aberração, leva a matar o concorrente filho, a roubar ou a incendiar, para
salvar o filho de um pretenso perigo, a mãe é absolvida, e não conheço juízes
populares ou togados que, em tal caso, condenem”) e apelo às circunstâncias
(“É só no momento fatal e funesto da ação
fulminante, que a ideia preconcebida do suicídio determina imprevistamente a
ideia de morte também do outro e o desesperado amante resolve, logo
suicidar-se, mas matando primeiro, porque deixaram de funcionar os freios da
sua vontade”). Ferri utiliza-se de muitos argumentos jurídicos como ad hominem (“Mas Cienfuegos – Como todos os
meridionais ardentes – é também, um homem extremamente ciumento”) e ab auctoritatem (“Amore e morte, fratelli insieme, ingeneró la sorte” Giacomo
Liopardi). Em relação ao argumento de autoridade este é constatado no texto “foi Carrara um grande criminalista
italiano, quem disse: É preciso ver se as paixões são cegas ou permitem
raciocínio. As paixões que dão tempo e possibilidade de raciocinar, não tiram a
responsabilidade: as que cegam o clarão da razão produzem a irresponsabilidade.
Esse critério aproxima-se um pouco mais da justiça humana, mais ainda não é o
verdadeiro”. Disse mais Carrara: “São
paixões cegas o amor e o medo, são paixões raciocinadoras a vingança e a
cupidez”. A defesa baseou-se mais na lógica da argumentação. Assim procede,
porque é citado o mundo dos valores e das realidades humanas, visando à adesão
dos jurados a tese que ele expõe:
“Digam a
esse rapaz, digam a Cienfuegos, que o amor não é crime, que o amor é a grande
beleza da vida, mas que os excessos do amor levam as aberrações do amor e que
esses excessos e essas aberrações arruínam os indivíduos e os povos”.
O blog está ótimo! Parabéns aos alunos que o fizeram! Os vídeos, as imagens e as notícias deixaram o site muito interessante! Gostei! - Alana F. Azevedo
ResponderExcluiradorei o blog... as imagens e os vídeos estão bem legais, os texto estão bem didáticos!
ResponderExcluir* amei a imagem de fundo - clássica!
parabéns ao Tribunal Acadêmico!
Tatiele Freitas
Muito bom, excelente o blog. Com linguagem coerente, conteúdo de qualidade e uma bela estética. Parabéns a todos que fizeram!
ResponderExcluirParabéns pelo blog, bem estruturado, de fácil leitura e entendimento.
ResponderExcluirParabéns principalmente a oritentadora
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSobre o texto Amor e Morte de Enrico Ferri, ele dá uma aula de argumentação. Dentro de sua tese defensiva, inclui várias argumentações e ilustrações que geram um alto nível de persuasão, fazendo que os jurados acreditem na inocência de Cienfuegos, partindo da imagem manipulado, volúvel e interesseira de Bianca Hamilton. As comparações dos níveis de amor, tornam Cienfuegos uma vítima do destino e da manipulação de Bianca, e escondem o seu carater agressivo. Crimes passionais são crimes cometidos por um suposto amor, mas ainda assim são crimes. Mas Enrico Ferri soube ministrar os fatos e fazer de Cienfuegos vítima ao invés de carrasco. Uma aula de argumentação e oratória.
ResponderExcluirParabéns pelo blog e pelos textos de alto nível.
Ana Carolina Tavares
Muito bom o blog! Gostei muito , os textos estão ótimos! - Vitor A. Espindola
ResponderExcluirO blog deixou bem claro o que pensam seus respectivos autores, fazendo com que o público leitor possa questionar e pensar sobre o tema tratado.
ResponderExcluirAs divisões em tópico não poderiam ter ficado melhor, pois os autores souberam dispor e organizar o assunto adequadamente de forma que fique didático e de fácil compreensão.
Gostei muito da epígrafe "Amor e crime nasceram gêmeos, inseparáveis como o corpo da sombra”, pois é o resumo de tudo o que foi tratado no texto.
Parabéns aos alunos que fizeram o blog!
Marinara Montanari
O blog deixa muito claro o poder de persuasão que Enrico Ferri possui perante o tribunal do juri. Atualmente seus argumentos não seriam muito fortes para colocar Cienfuegos como vítima de um homicídio praticado por ele. Parabéns aos integrantes do blog, o texto está bastante coerente e um fácil entendimento.
ResponderExcluir