1) “Quem matou um ser humano, não pode ter direito a aplausos:
pode invocar, unicamente, o sentimento humano da piedade e da justiça, que não
se distingue da clemência. E é justo que eu implore de vós, para Carlos
Cienfuegos, que tem um nome quase fatídico – porque, em espanhol, quer dizer,
cem fogos – um julgamento sereno e objetivo, liberto de toda a retórica, quando
a realidade humana palpita assim, viva e fremente, diante de nós”.
2) “Amor e crime, porque o crime é a aberração da vontade humana,
que desce a ofender os direitos de outrem sem causa justa, levada por uma
questão de cegueira moral, como quando se mata, simplesmente, para derrubar a
vítima, ou por um regresso selvagem à brutalidade primitiva, como quando se
mata por vingança, quando se pratica o crime no ardor de vingança, quando não
se pratica o crime no ardor de uma paixão que, sem essa aberração, poderia,
talvez sem dúvida, ser circundada por uma auréola de simpatia, e até de admiração
com o sentimento da honra e com o sentimento do amor, que são, em si mesmos,
chamas puras da vida humana, e podem, todavia, no delírio da febre, dirigir a
mão que bate, que incendeia e que mata”.
3) “Não é um
homicídio por vingança, e ainda menos por ambição ou por brutal malvadez. É o
fato sangrento de amor, pois que o amor e a morte, como dizia Giacomo Leopardi,
‘foram gerados juntos’. Amor e morte nasceram irmãos, e mais do que amor e
morte nasceram irmãos amor e crime”.
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