domingo, 19 de maio de 2013
Quem somos nós
A princípio, sentimos a necessidade de fazer
uma breve apresentação. Somos alunos acadêmicos do curso de Direito da UNIFEV.
Formamos um grupo de estudo a fim de desenvolver o presente blog e aprofundar o
estudo a respeito da obra Amor e Morte do autor Enrico Ferri. Somos os alunos:
Carla Baldin, Celi Ito, Eliete Chiozini, Lariza Moraes, Silvia Amaral, Vanessa
Silvério, Vinicius Rodrigues. Sejam todos bem vindos!
Sobre o texto Amor e Morte (Enrico Ferri)
O
sucesso de um discurso depende de três fatores para Aristóteles: ethos, logos e patos. No texto Amor de
Morte de Enrico Ferri, uma passagem que representa o fator ethos é “... que foi
reunir-se ao outro cumprimento ao outro cumprimento, que aqui me dirigiu o
representante da parte acusadora, dizendo que quando o doente recorre a um
médico de fama, é porque sente a saúde muito abalada,...”. Uma passagem que
representa o fator logos “E não posso
admitir que os jurados – na soberania intangível das suas consciências – possam
proferir um veredicto contrário a Lei porque isso seria a subversão de todos os
princípios da vida social. Os jurados – como os Magistrados técnicos – só podem
proferir o seu veredicto de acordo com aquelas normas de justiça humana, fixadas
na sua consciência honesta pela experiência de vida, como pais de família, como
pessoas que, com o seu trabalho cotidiano, contribuem para a vida dessa imensa
e infatigável colmeia humana, que é a sociedade dos homens”. E uma passagem que
representa o fator patos “Vejam, senhores jurados, como a
personalidade de Cienfuegos se vai delineando e precisando no vosso espírito. É
um bom rapaz que teve a infelicidade de cair no abismo do amor por uma mulher
de costumes tão desregrados. Ele foi enlouquecido, é um desventurado, mais não
é um criminoso. Não é um assassino que amanhã repita o mesmo ato. É um homem
que como um náufrago caído a beira do oceano que estava para engoli-lo, ao
voltar outra vez à vida, recordará, como uma lição salutar, essa ilíada de desastres,
de tormentos de ansiedades e pedirá ao trabalho a sua redenção social.” Dentre
as diversas passagens do texto de Ferri temos esta para se referir à emoção “porque o amor e a honra são paixões nobres,
humanas, generosas, e só por aberração momentânea geram o crime ou o suicídio,
ou uma e outra coisa. Até o amor de mãe, que é aquilo que de mais sublime o
coração de uma criatura pode dar, na nossa existência de esperança e de dor,
até o amor maternal pode conduzir ao crime! Mas a mãe é absolvida porque o amor
materno é a mais nobre, a mais moral, a mais admirável das paixões humanas, e
se, na sua aberração, leva a matar o concorrente do filho, a roubar ou a
incendiar, para salvar o filho de um pretenso perigo, a mãe é absolvida, e não
conheço juízes populares ou togados que, em tal caso, condenem”. Por outro
lado, temos esta para representar a razão “estou
certo de que esta segunda forma do sentimento humano está no espírito de todos,
porque aquele rapaz é bem mais desventurado do que criminoso. E é por isso, se
é esse o estado do vosso espírito, nesta altura do julgamento, a minha função
só pode ser uma, bem modesta por sinal: determinar, à face do processo, as
razões pelas quais, com a tranquilidade de consciência das pessoas honestas,
poderá proferir um veredicto de absolvição. É esta a tarefa que me impõe os
fatos e que sempre me impõe a minha consciência: porque eu julgo que, tanto na
vida social quanto na vida judiciária, dizer a verdade, talvez seja um luxo
dispendioso, mas é também o melhor caminho, não só para poupar tempo a quem tem
muitas outras coisas a fazer, e que terá, assim, de recordar-se de todas as
mentiras que teria de aquietar, como também porque em substância, quando o
palpitar das coisas é como o deste caso, expor por inteiro, clara e
limpidamente, a verdade, ainda é a forma mais persuasiva da eloquência”. Verifica-se
que diversas falácias podem ser encontradas ao longo do texto como apelo à
piedade (“O Ministério Público deveria,
realmente, recear, não a sugestão da minha palavra, mas a sugestão dos fatos, a
sugestão dos sentimentos, a sugestão da vida anterior do réu, a sugestão de
toda a personalidade desse pobre farrapo humano, que está na vossa presença com
as mãos e o peito ensanguentados”), generalização apressada (“Mas a mãe é absolvida porque o amor materno
é a mais nobre, a mais moral, a mais admirável das paixões humanas, e se, na
sua aberração, leva a matar o concorrente filho, a roubar ou a incendiar, para
salvar o filho de um pretenso perigo, a mãe é absolvida, e não conheço juízes
populares ou togados que, em tal caso, condenem”) e apelo às circunstâncias
(“É só no momento fatal e funesto da ação
fulminante, que a ideia preconcebida do suicídio determina imprevistamente a
ideia de morte também do outro e o desesperado amante resolve, logo
suicidar-se, mas matando primeiro, porque deixaram de funcionar os freios da
sua vontade”). Ferri utiliza-se de muitos argumentos jurídicos como ad hominem (“Mas Cienfuegos – Como todos os
meridionais ardentes – é também, um homem extremamente ciumento”) e ab auctoritatem (“Amore e morte, fratelli insieme, ingeneró la sorte” Giacomo
Liopardi). Em relação ao argumento de autoridade este é constatado no texto “foi Carrara um grande criminalista
italiano, quem disse: É preciso ver se as paixões são cegas ou permitem
raciocínio. As paixões que dão tempo e possibilidade de raciocinar, não tiram a
responsabilidade: as que cegam o clarão da razão produzem a irresponsabilidade.
Esse critério aproxima-se um pouco mais da justiça humana, mais ainda não é o
verdadeiro”. Disse mais Carrara: “São
paixões cegas o amor e o medo, são paixões raciocinadoras a vingança e a
cupidez”. A defesa baseou-se mais na lógica da argumentação. Assim procede,
porque é citado o mundo dos valores e das realidades humanas, visando à adesão
dos jurados a tese que ele expõe:
“Digam a
esse rapaz, digam a Cienfuegos, que o amor não é crime, que o amor é a grande
beleza da vida, mas que os excessos do amor levam as aberrações do amor e que
esses excessos e essas aberrações arruínam os indivíduos e os povos”.
Sobre o autor Enrico Ferri (1856 - 1929)
Nasceu no ano de 1856 na região da
Lombardia e morreu em 1929. Entre o legado que Enrico Ferri deixou para a
humanidade pode-se destacar a sua importância como criador da sociologia
criminal, advogado criminalista, professor de Direito Penal, escritor e
fundador, com Lombroso e Garofalo, da denominada Escola Positivista.
Seus estudos são voltados a uma
ponderação de fatores econômicos e sociais que incidem sobre os autores de
crimes e também a índices de criminalidade. Ressalta-se, inclusive, que seu
trabalho serviu de base para o código penal de 1921 da Argentina.
Toda sua pesquisa converge para
demonstrar que para ter o cumprimento da lei garantido, deve-se reunir esforços
a fim de prevenir a ocorrência de crimes ao invés de punir os indivíduos após
terem cometidos seus delitos.
Defendeu que as características psicológicas
contribuem para o desenvolvimento do crime em um indivíduo. Pode-se também
verificar a importância de Enrico Ferri para a política, vez que foi eleito
deputado e reeleito por diversas vezes.
No Brasil, foi reconhecido
principalmente pela obra "Discursos de Acusação - Ao lado das
vítimas", sendo que esta agrupa os seus melhores discursos, destacando sua
eloquência ao atacar os delinquentes e defender a sociedade e as vítimas de
crimes.
Mantinha tênue ligação com
personalidades como Cesare Lombroso (1836 - 1909) e Rafael Garófalo (1851 -
1934). O primeiro é considerado o pai da criminologia e o segundo foi um
jurisconsulto napolitano, com quem uniu-se para estudar as causas do crime,
como o clima, a idade, raça, sexo, psicologia, densidade populacional e
condições político-econômicas.
É possível resumir a obra de Enrico
de Ferri nos seguintes nomes: Socialismo e criminalità (1883), Sociologia
criminale (1884),Socialismo e scienza positiva (1894), "Discursos Forenses
(defesas penais)".
Sua morte se deu na cidade de Roma,
todavia sua obra permaneceu e permanece viva influenciando a legislação penal
de diversos países, inclusive a brasileira. Portanto, sua leitura é sempre recomendada
por juízes, promotores, advogados e elementos ligados à área do direito
criminal.
Sobre Aristóteles
Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) foi
um filósofo grego e criador do pensamento lógico. É de suma importância no
desenvolver da educação e do pensamento ocidental contemporâneo. Verifica-se
também influência de sua obra na teologia medieval da cristandade. Ainda cabe
destacar que foi discípulo de Platão.
Em 335 a.C. Aristóteles fundou em
Atenas a escola denominada Liceu, sendo que esta fixava-se no estudo das
ciências naturais. Ainda pode-se
mencionar que suas obras são voltadas para diversas categorias do conhecimento
como política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia, metafísica, didática,
poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Para ele, a
educação representava uma das formas de crescimento intelectual e humano.
Suas principais obras são: "Organon", dedicada à lógica formal, "Ética a
Nicômaco", "Poética" e "Política".
É possível destacar suas frases
marcantes:
• "O verdadeiro discípulo é aquele que
consegue superar o mestre."
• "O homem que é prudente não diz tudo
quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz."
• "O homem livre é senhor de sua vontade
e somente escravo de sua própria consciência."
Portanto, Aristóteles representa um
dos mais fecundos pensadores de todos os tempos.
Sobre Cícero
Conhecido popularmente pelo sobrenome
“Cícero”, Marcus Tullius Cicero, foi um orador e político Romano, nascido em Arpino,
cidade do Lácio, na qual a sua família possuía uma propriedade rural. Ao dez
anos foi mandado a Roma para completar seus estudos e em seguida, aos 16 anos recebeu a toga virilis, o que na época
era símbolo de maioridade.
Ao concluir uma etapa dos estudos Cícero,
foi se aprofundando ainda mais, e no ano 84 a .C. publicou a sua primeira obra.
Aos 25 anos Cícero se casa, e aos 27 é
nomeado questor da Sicília. No cargo em que ocupava teve a difícil incumbência
de acusar o pretor Gaio Verres, de opressão e crueldade, e contra este, Cícero
compõe seus famosos discursos, que são chamados de Verrinas.
Depois de ser nomeado questor da Sicília,
Cícero continua a crescer, galgando sempre as próprias conquistas. Cícero, em
sua pronuncia de seu primeiro discurso político (De Lege Manilia) pleiteia junto ao senado, a aprovação de uma
lei, dando a Pompeu o supremo comando na luta contra Lúcio Sergio Catilina.
Quando Pompeu retorna vitorioso da Ásia,
não é bem recebido, o que retira de Cícero sua base aliada. Com a saída de
Pompeu e a ascensão de Cesar e Clódio, Cícero é obrigado a se retirar e se exilar em Tessália. No ano de 57, no mês de agosto, Cícero
retorna e volta para a vida política, contudo, não obtêm êxito e nos anos
seguintes é obrigado a se retirar novamente da vida pública.
No ano de 52 A .C Cícero retorna, com a
missão de defender Milo, assassino de Clódio e logo depois é enviado por Pompeu
à Cilícia, como governador. Ao regressar a Roma, encontra-se frente à guerra
civil e decide aliar-se a Pompeu. Com a sua derrota é obrigado a ir para
Brundíssio, onde recebe carta de César convidando-o a retornar. Nesse período
Cícero se vê em grande dificuldade familiar, pois divorcia-se da mulher e sofre
com a perda da filha Túlia, o que faz com que busque consolo na literatura.
Assim que Cesar morreu, surgem alguns
aspirantes a ditador, como Marco Antonio. Ao se deparar com essa situação, Cícero
pública as famosas Filípicas, o que faz com que mais tarde, ao formar o segundo
Triunvirato com Otávio e Lépido, Antônio manda eliminá-lo, sendo assassinado em
Fórmia e sua cabeça e mãos expostas no Fórum.
Cícero deixou grandes discursos, tratados filosóficos
e retóricos, cartas e poemas, sendo os mais famosos: Pro Murema, Pro Archia, Pro Roscio, De Optimo Genere Oratorum,
Partitiones Oratoriae, De senectute, De Amicitia, De Officiis, De Divinatione.
Melhores passagens do texto Amor e Morte (Enrico Ferri)
1) “Quem matou um ser humano, não pode ter direito a aplausos:
pode invocar, unicamente, o sentimento humano da piedade e da justiça, que não
se distingue da clemência. E é justo que eu implore de vós, para Carlos
Cienfuegos, que tem um nome quase fatídico – porque, em espanhol, quer dizer,
cem fogos – um julgamento sereno e objetivo, liberto de toda a retórica, quando
a realidade humana palpita assim, viva e fremente, diante de nós”.
2) “Amor e crime, porque o crime é a aberração da vontade humana,
que desce a ofender os direitos de outrem sem causa justa, levada por uma
questão de cegueira moral, como quando se mata, simplesmente, para derrubar a
vítima, ou por um regresso selvagem à brutalidade primitiva, como quando se
mata por vingança, quando se pratica o crime no ardor de vingança, quando não
se pratica o crime no ardor de uma paixão que, sem essa aberração, poderia,
talvez sem dúvida, ser circundada por uma auréola de simpatia, e até de admiração
com o sentimento da honra e com o sentimento do amor, que são, em si mesmos,
chamas puras da vida humana, e podem, todavia, no delírio da febre, dirigir a
mão que bate, que incendeia e que mata”.
3) “Não é um
homicídio por vingança, e ainda menos por ambição ou por brutal malvadez. É o
fato sangrento de amor, pois que o amor e a morte, como dizia Giacomo Leopardi,
‘foram gerados juntos’. Amor e morte nasceram irmãos, e mais do que amor e
morte nasceram irmãos amor e crime”.
Atualidades e vídeos
Caso
recente de crime passional
Daniella Perez era uma
atriz brasileira e filha da famosa novelista Glória Perez. Foi brutalmente
assassinada com 18 golpes de tesoura desferidos por Guilherme de Pádua e Paula
Thomaz, sua mulher na época. Uma das versões para justificar o crime foi que Guilherme
de Pádua confundiu a ficção vivenciada na novela com a vida real e era
apaixonado por Daniella Perez. Em razão da não correspondência, consumou o
crime de homicídio passional contra a atriz, ou seja, crime cometido por paixão.
MARIA DA PENHA MAIA FERNANDES
Violência doméstica contra o HOMEM
Resumo do texto Amor e Morte
O
texto a seguir trata sobre a obra de um visionário, o Dr. Enrico Ferri, que foi
um advogado criminalista, nascido em San Benedetto, na Itália.
Ferri
foi aluno do famoso médico, Dr. Cesare Lombroso. Cesare, diferentemente de
Ferri, voltou seus estudos para o lado fisiológico da criminologia, o que o
levou a ser muito respeitado e ter a suas obras como pilar base da criminologia
até por volta da metade do século XX.
Ferri
foi autor do famoso livro Discursos de Defesa, que vem dividido em três
discursos. O objeto do nosso estudo será o primeiro discurso, intitulado “Amor
e Morte”.
Esse
primeiro discurso foi escrito por Ferri, para a defesa de Carlos Cienfuegos,
assassino de sua amante, a condessa Hamilton. Ao ver que não teria como
defender a tese de negativa de autoria, Ferri, de forma ousada, tentou que ao
menos seu cliente tivesse a pena reduzida.
Frente ao tribunal criminal de Roma, Ferri,
alegou ao júri e tentou fazer que com que enxergassem que Cienfuegos matou por
amor, e que amor e morte nasceram juntos, como irmãos, assim como amor e crime.
O
autor, através de sua atuação como advogado, tenta mostrar que não foi um
simples homicídio por vingança ou ódio, e sim, que por mais que todas as
circunstâncias e fatos do crime levassem a um autor e culpado, não deveria ser
esse o tema de discussão. Ferri mostra que o autor, entorpecido de amor ao
matar a própria amante acaba cometendo um suicídio, pois, matou em si mesmo as
esperanças de um futuro feliz com a amada, e que agora, terá que suportar as
consequências de sua atitude.
Ao
fazer tal alegação, Ferri tenta mostrar que as consequências do próprio crime
são o pior castigo que o réu poderia ter, e que uma pena severa não iria ter
finalidade alguma, pois não mudaria para o réu.
Portanto
concluímos que Ferri tentou mostrar ao júri que o seu cliente agiu sobre o
impulso de uma forte emoção, o que nos remete ao discurso falacioso de apelo a
piedade, pois na época, uma pena reduzida por esse fato seria uma grande
vitória.
Temos
trechos nos quais Ferri ensina que nem sempre a melhor tática de defesa é a
absolvição, pois, há circunstâncias em que isso se torna impossível, vemos que
para convencer, o autor utiliza-se de argumentos palpáveis, nos quais tenta
mostrar que o crime foi cometido por um distúrbio moral e psíquico, e que o
júri não deveria condenar alguém em situação tão delicada.
Dessa
forma, Enrico Ferri da à luz a uma nova perspectiva no tocante a criminologia
da época, levando os julgadores a enxergar não só o fato, mas sim, os motivos
pelo qual o autor os praticou, sendo, tal perspectiva aplicada em códigos
penais até os dias atuais.
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